não sabia se despedir.
não sabia romper, dar fim ou encerrar nada que fosse.
simplesmente fugia sem pingar o ponto final do fim da história.
era incapaz de suportar a dor da constatação de uma separação e preferia fingir que não acontecera.
se afastava acreditando que o tempo daria conta de curar as feridas sozinho.
mas sem um ponto final que arrematasse a costura, os fios se esvaíam aos poucos, desfazendo-a ponto a ponto
até não haver mais costura, ou história. apenas uma lembrança vaga, rasa, inconsistente e vazia.
sem memória e sem história, não teria perdas pelas quais chorar. mas chorava. as vezes. sem saber por que.
não sabia que a cada esquecimento, anulava também uma parte de si, apagando parte do que havia construído de si mesma junto ao outro e no outro que guardava dentro de si.
sem encerrar uma vivência não podia iniciar outras. pensava que iniciava. mas na verdade seguia a mesma e única história que era capaz de viver.
vivia sem existir.
sophia compeagá