30 novembro 2008

do que me surge...


Quando escrevo, surge em mim
uma fala solta, autônoma, independente,
como se nem fosse minha.
Que fala à partir de mim
sobre coisas que nem eu sei,
e que muitas vezes nem quero saber.
São impotências, dores que não posso suportar
e coisas nas quais não quero pensar.
E acabo por falar do que me surge
mas que não entendo.
Quando escrevo,
meus dedos sabem mais de mim que eu mesma.
E emprestando minha dor,
me devolvem a tradução da minha angústia,
em palavras.
São frases, idéias e dúvidas
tomando vida e dando sentido
à confusos sentimentos.
Ao escrever vou me criando,
me descobrindo, me inventando.
Nada me surpreende mais
que minha própria capacidade de surpreender.



Por Sophia Compeagá

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Sophia! Que lindo mesmo, muito diferente. Adorei!

DaniCabrera disse...

Ótimo Sophia!
E engraçado que ao longo do texto, enquanto lia, fui me vendo e lembrando como eu faço quando escrevo.
É verdade que os dedos acabam sabendo mais de nós do que nós mesmos. Engraçado que sempre vem uma frase, numa idéia... Depois disso é só se pôr a escrever que sai tudo como se fosse mágica.

É sempre um desabafo, né...
E sempre uma confissão.

Beijão Sohpia.
Y gracias por la felicitación de cumple! :D

Pelos caminhos da vida. disse...

Vim agradecer sua visita ao meu blog,desculpe o atrazo não foi esquecimento e sim correria de fim de ano,volte mais vezes serás bem vinda.

bjs.