20 abril 2012

Má-formação


Fiquei intrigada com alguns fatos e reações na semana passada sobre a decisão do STF na legalização do aborto de anencéfalos.
A legalização, a discussão toda e o aborto em si já criam uma situação muito complexa, difícil e sofrida, mas mais do que isso fiquei chocada com as reações e fundamentos que algumas pessoas usaram para defender suas opiniões.
O mais chato disso, quando a gente tenta ouvir as opiniões e tentar formar a nossa é perceber que a maioria absoluta das pessoas que se envolvem nessas discussões são pessoas radicais. Eu tenho pânico disso! De um lado, religiosos e, de outro, feministas. Claro que não é todo mundo, tem muita gente de bom senso, mesmo dentro desses grupos. Mas na maioria ninguém quer discutir, ou pensar, refletindo todos os lados da situação.
Eu ainda não tenho uma opinião, talvez nunca venha a ter. Acho que cada caso é um caso e é muito difícil generalizar. Mas tenho sim minhas tendências. Eu penso na criança! E não consigo considerar outros pontos de vista acima deste. Penso na criança, na sua incapacidade de se defender e decidir o que é melhor pra ela, na sua inocência diante desses fatos e diante da vida.
Eu penso no corpinho que está se formando e nas possíveis dores e sofrimentos dessa vida que já existe. E é por isso tudo que não sei se o melhor é deixar esta criança passar pelo sofrimento de um estado terminal sem nem ter consciência do que se passa e sem poder expressar suas dores. Eu não tenho certeza se deixar de realizar o aborto é poupar a criança. 
Nesses dias também vi um vídeo muito emocionante de um casal com uma filha anencéfala, a Vitória, mas também fiquei pensando que pouquíssimos, e muito raros mesmo, pais seriam assim como este casal, com condições de dar tanto amor, atenção e cuidados de que esta criança vai precisar. Por outro lado também penso no aborto em si. Não sei muito bem como são realizados, e com quantos meses de gestação isso se daria. No final, quanto mais eu penso, menos concluo, e sigo angustiada. Mas definitivamente não penso pelas vias que tenho acompanhado por aí. Infelizmente, ou felizmente (fazer o quê?) são essas pessoas que movem alguma coisa e que fazem acontecer. As decisões mais importantes já tomadas na história da humanidade, muitas vezes, podem estar baseadas em fundamentos ridículos, mas no final o resultado pode ser construtivo, ou, pelo menos,  menos desastroso.