01 outubro 2009

(in)quietude

Silenciosa mas inquieta, assim tenho estado. Sem palavras mas com muito o que dizer.
Nunca o silêncio me falou tanto como agora.
Estranho ter que conter para me sentir inteira, consistente. Como se a palavra tivesse peso. Como se precisasse segurá-la para não perdê-la para sempre de mim. Para que eu não me esvaia junto dela escorrendo por entre a fala, sobrando o vazio.
Sempre acreditei no contrário, que para existir precisasse dizer, contradizer e traduzir, por acreditar que 'aquilo que chamo de eu' fosse essencialmente pensamento e linguagem.
De repente me dou conta: tenho um corpo! E descubro nele um mundo de linguagens e símbolos comunicando vida!
E não podia ser diferente, foi através dessa mesma linguagem que o insight se deu.
Tudo faz sentido agora, "no princípio era o verbo" não no sentido de palavra, mas no sentido de ação.


Sophia Compeagá





"Tenho um corpo, e tudo que eu fizer é continuação do meu começo"
(Clarice Lispector)

Nenhum comentário: