11 agosto 2009

requintadas harmonias




Estou cheia de sentimentos não elaborados e momentos não terminados. Eu mesma sou uma pessoa inacabada, indefinida. De infinitos 'ins'.
É possível a própria indefinição definir a pessoa?
Sou o retrato do instante agora, e quando me defino sou apenas uma pessoa que se define. É sempre movimento, e mesmo aquele milésimo de segundo que a câmera registra, é movimento.
Sou um conjunto de retratos antigos, mofados e revirados, mas que agora descansa numa caixa qualquer que eu embalei com cuidado no canto da sala. E que só é lembrada quando é preciso tirar o pó. Não, nunca tiro a poeira da caixa pela caixa em si, como se ela tivesse uma importância maior que os outros objetos da sala. Tiro a poeira da caixa quando os outros objetos requerem limpeza e organização, e então a caixa se beneficia da faxina para harmonizar-se com todo o resto.
O passado não me diz quem sou ou quem posso ser. Nem o presente. Por isso não há definições nem previsões.
Definir é delimitar, e dar fim, e eu sou feita de recomeços.

Sophia Compeagá

"mas não é difícil congelar a cena,
é quando as folhas não pousam no chão,
e os braços ficam suspensos no ar,
num abraço que ela não terminou".
(Rita Apoena)

Um comentário:

Janaína S. disse...

Definir é delimitar, e dar fim, e eu sou feita de recomeços.


Simples assim!
ADOREI!

Beijos.