10 junho 2008

das desconstruções que nos constroem...

Aprender a desconstruir é de longe a mais difícil de todas as aprendizagens.
Desconstruir compreende desfazer-se, desprender-se, abandonar, abandonar-se talvez.
E é diferente de destruir.
Desconstruir é um processo, exige consciência e vontade, e não é possível a qualquer um - e talvez nem necessário, afinal só desconstrói quem construiu.

Ao longo da vida construímos "verdades"... nos apegamos a idéias, pessoas, valores; formamos laços, adquirimos conhecimento. E estas aquisições definem grande parte do que somos.
Mas há momentos em que aquilo que temos como verdade não é suficiente para dar sentido aos novos acontecimentos e não se integra às novas verdades e aos novos valores. Normalmente estes momentos vêm acompanhados de dor, frustração, confusão e luto.

Algumas pessoas, quando este conflito lhes acomete, tendem à se apegar ainda mais às antigas verdades, declaram-na para si mesmas, impõe-nas aos outros. Natural! Suas verdades são sua base, seu norte, aquilo através dos quais filtram o mundo e se colocam nele. (como já disse, constitui-nos!).
Mas ao fim descobrimos que são eles que nos possibilitam o crescimento e a maturidade. É este movimento de se abrir para o novo que nos dá maior amplitude para compreender a vida e a nós mesmos.
Desconstruir é deixar para trás o que já não faz sentido agora, mas guardar conosco aquilo que de positivo aprendemos.
Uma nova etapa é sempre precedida de outras não menos importantes. Por isso é imprescindível reconhecer que o que vivenciamos numa determinada época era exatamente o que precisávamos para seguir evoluindo, assim a vida foi se revelando aos poucos para nós.

Acolha com carinho sua história e aquilo que outrora fora. Foram eles que possibilitaram ser o que é hoje e o que será amanhã.
Da mesma forma, dê espaço para que é novo (e mesmo estranho), e desconfie daquilo que mais lhe incomoda e ameaça, estes podem já fazer mais parte de você do que se supõe.


Sophia Compeagá

ઇ‍ઉ...



"Justamente sempre acontecia uma pequena coisa que a desviava da torrente principal. Era tão vulnerável. Odiava-se por isso? Não, odiar-se-ia mais se já fosse um tronco imutável até a morte, apenas capaz de dar frutos mas não de crescer dentro de si mesma. Desejava ainda mais: renascer sempre, cortar tudo o que aprendera, o que vira, e inaugurar-se num terreno novo onde todo pequeno ato tivesse um significado, onde o ar fosse respirado como da primeira vez."
(Clarice Lispector em 'Perto do Coração Selvagem')

2 comentários:

Anônimo disse...

Xuxuuuuuuuuu, nossa amiga seu texto é fantástico, sinto muito sua falta, de nossas conversas, de sua companhia, Deus foi generoso na minha vida em colocar no meu caminho sua amizade, te adoro muito mesmo, não importa onde vc esteja, estarei sempre rezando e torcendo por vc. Continue sempre esta pessoa iluminada que vc é, e que Deus abençoe sempre sua vida, vc merece. Beijusssss Fernanda Matiolli

Anônimo disse...

Lindo e tocante tudo o que você escreve... nos faz viajar para longe, e, ao mesmo tempo, pra tão perto... tão próximo que até temos dificuldade em perceber que trata-se de nossa alma! Seus textos são cativantes e mostram a poesia que existe em você, que com tão simples palavras consegue expressar tão grandes e sublimes conceitos... Continue sempre! pois o que seria deste vasto jardim, que é o universo, se não contasse com a beleza de uma única Flor?
Parabéns!
;)