18 fevereiro 2011


quando eu vejo uma criança, bichinho ou qualquer serzinho abandonado, me dói cortante lá dentro o peito. latejante, pulsante o coração comprimido, reaviva lembranças dos próprios abandonos não cicatrizados. cheios de histórias e silêncios que o tempo fingiu apagar.

s. compeagá



11 fevereiro 2011

paranóia. eu, narciso.


aos olhos invisíveis que sobre ela repousavam, disse adeus.
depois de passar a maior parte da vida tentando alcançar as expectativas que acreditava ter depositadas sobre si por outros, decidiu quebrar os espelhos e seguir uma vida própria. 
passara o tempo todo numa grande ansiedade por ser aceita e bem quista, por quem quer que fosse.
mal sabia diferenciar uma companhia agradável de uma negativa. 
não tinha inimigos, e talvez nem amigos, todos eram metas a serem conquistadas.
neste dia desistiu de tudo, pegou estrada e seguiu adiante. rapidamente. afim de recuperar o tempo perdido.
acontece que nunca havia existido realmente tais olhos e tais expectativas. ambos eram frutos de seu desejo e imaginação.
lançou rápidas olhadelas pelo retrovisor, esperando estar sendo seguida. 
ninguém vinha.
uma mistura de perda e liberdade. mais tarde soube: estava se libertando era de si mesma. 

S. Compeagá