21 março 2010

Mais uma primavera

E o blog completou 3 anos de letrinhas e insights...
É engraçado, mas eu nunca li uma definição teórica para o que é insight. Esta que criei para o blog é a minha forma particular de compreender, que acredito não se distanciar muito da forma teórica oficial.
Ter um insight é como acender uma chama que pode se manter acesa ou não. O que mantém uma chama acesa é o que chamamos de combustível, e existem combustíveis dos mais diversos tipos. Para os insights também... Existem combustíveis para insights que são como a palha, fazem um fogaréu no começo, mas se apagam rapidamente... Penso que o melhor combustível para o insight é a dúvida, e a motivação para se seguir questionando. 

Ontem revi O Guia do Mochileiro das Galáxias. Já tinha assistido mas não me lembrava de alguns detalhes como a cômica resposta para a "pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais", que era um simples número. Engraçado mesmo foi terem de esperar milhões de anos para que o computador tivesse esta resposta. Diante da frustração do povo, o "pensador profundo", como é chamado o computador, justifica então que não lhe haviam feito realmente uma pergunta. A partir daí o filme se desenrola na busca pela pergunta que resolveria a "questão fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais" cuja resposta era o número 42.

As vezes eu acho que a questão crucial da nossa vida, a pergunta maior da qual a resposta resolveria nossos conflitos interiores é aquela que nunca ousaremos fazer. Vem daí minha desconfiança de que as perguntas que tanto me rodeiam, que insisto em repetir mesmo sem esperanças de respostas, sejam na verdade formas de evitar a pergunta maior. Mas acho também que as perguntas menores possam ser pequenos ensaios, ainda que defensivos.
A resposta talvez seja simples, não tão simples quanto 42, mas a dificuldade reside mesmo em se saber qual é a pergunta certa e se ter a coragem de fazê-la.

Sempre achei a dúvida mais produtiva que a certeza e a resposta dada. Prefiro conversas abertas do que combates intelectuais estéreis. Fujo de diálogos assim, que nem diálogos são, mas monólogos paralelos. Infelizmente, poucos entendem esta diferença. Me apaixonei pelo psicanalista Contardo Calligaris quando numa entrevista ele disse que não gosta de ter nem manifestar opiniões, pois não suporta a idéia de induzir alguém a pensar como ele. Calligaris é o máximo!

Então o que eu quero mesmo é que o blog seja como um jardim. De dúvidas, insights, contradições e idéias em construção. Que mesmo que murchem e morram, nasçam de novo quantas vezes forem necessárias, conduzindo sempre a desafios maiores.
E que aconteçam muitas mais primaveras por aqui...

Sophia Compeagá


05 março 2010

da memória







o fim é relativo 
quando eternizar é-ter-na-mente 
aquilo que pode durar para sempre 
dentro da gente 
mesmo que acabe. 



sophia compeagá