27 julho 2009

26th

aniversário chegando. o vigésimo sexto.
aquela idade em que saímos dos 'vinte e poucos' e saltamos pros 'vinte e tantos'.
ou 'quase trinta'...
e tudo que mais desejo é manter viva em mim a capacidade de me surpreender. especialmente com o que é mais lógico e banal das coisas diárias. o que talvez seja um grande desafio.
se conseguir enxergar os novos detalhes de cada momento então vivenciarei a travessia do tempo e saberei conceber o presente como tal, um presente.

sophia compeagá



"eu gosto de viver.
já me senti ferozmente, desesperadamente,
agudamente feliz,
dilacerada pelo sofrimento,
mas através de tudo ainda sei,
com absoluta certeza, que estar viva é sensacional."

(agatha christie)

14 julho 2009

há muitas distâncias em mim

"Alguns escrevem pela arte, pela linguagem, pela literatura. Esses, sim, são os bons. Eu só escrevo para fazer afagos. E porque eu tinha de encontrar um jeito de alongar os braços. E estreitar distâncias. E encontrar os pássaros: há muitas distâncias em mim (e uma enorme timidez). Uns escrevem grandes obras. Eu só escrevo bilhetes para escondê-los, com todo cuidado, embaixo das portas".
(Rita Apoena)

06 julho 2009

decola... dê-colo?



passagens compradas. zeca vacinado (sim, ele vai). malas idealizadas.
é que eu monto a mala na minha cabeça antes de começar a arrumá-la de verdade...
coleiras do zeca, shampoozinhos, ração, bifinhos, remédios (ele enjoa na viagem).
e eu tô realmente preocupada por ter de deixar ele no porão do avião. se fosse pela outra empresa aérea, ele poderia vir comigo no colo, mas nessa é proibido. tadinho...

hoje vou na análise. claro, também me preocupo comigo.
além disso já fui no psiquiatra também. semana passada. pela primeira vez.
porque tive que me deparar com uma coisa que parece absurda, mas é real. meu medo de voar que eu nem sabia que tinha.

provavelmente hoje na análise eu não faça como na outra sessão em que falei do zeca, dos medos do zeca, dos enjoos do zeca, das consultas do zeca, da nova case do zeca que é uma graça.
e só depois de me enrolar, no final, tocar no assunto emergente, esse medo de voar...

na verdade adoro voar, e acho o máximo ver daqui de baixo os aviões pousando e decolando, mas adoro a vista lá de cima também. meu maior problema é o pouso.
a trepidação, o chão chegando, a incerteza da desaceleração, o barulho do reverso... pânico total!

semana passada, assim que saí da análise entrei no ônibus (e em Porto Alegre os ônibus são interessantes, eles têm várias poesias pelas janelas, algumas conhecidas, mas a maioria não), e me deparei com esta:

"biruta: a intensidade dos ventos se mede pela vontade de ficar". (de paulo madureira)

minha paranóia quase me permitiu achar que a minha analista tinha ido lá mais cedo colar aquele cartaz, bem em cima do meu assento, onde meus olhos não podiam evitar ver.

já contei que tenho (pavor e) paixão por tornados? na verdade qualquer vento ameaçador me amedronta. e fascina... é coisa de gente biruta mesmo.
mas dessa vez não é o vento, é o pouso...

demorei mas entendi a pergunta que ela me fez pouco antes do final de uma das últimas sessões... qual é mesmo o nome da cidade pra onde você está indo?
é Pouso Alegre, Minas...


sophia compeagá





03 julho 2009

2 inteiros



não quero metade nem resto,
quero o todo, quero tudo.
teu riso, tua lágrima,
teu choro e gargalhada,
teu silêncio, sussuro e grito
qualidades e defeitos...
tua doçura e até o humor mais rude,
tuas manias e loucuras,
tuas obsessões e teu lado avesso, travesso...
tuas dúvidas, e mesmo aquilo onde você menos está:
nas tuas certezas.
e quero caminhar contigo,
mesmo que às vezes um vá na frente,
as mãos se separem, voltem a se entrelaçar,
um se enrosque, o outro se atrase,
um desande, o outro se perca,
um cambaleie, o outro siga ziguezagueando...
linhas paralelas nunca se cruzam.


por sophia compeagá